8.8.06

>> Educação financeira na infância garante autocontrole.

Pesquisas revelam que é cada vez maior o número de jovens que se tornam inadimplentes devido ao descontrole financeiro. Esse quadro poderia ser evitado se os pais aplicassem, ainda na infância, o conceito de educação financeira. Estratégias como economizar a “mesada” ou “juntar” dinheiro para comprar o brinquedo ajudam a criança a desenvolver o autocontrole.Impor limites é a primeira regra ainda nos primeiros anos de vida, segundo o economista Celso Leite, que também é especializado em orçamento doméstico. Embora para muitas famílias seja difícil dizer “não” às chantagens, a resposta negativa é a melhor forma de ajudar a criança a ter idéia do que pode e o que não pode ser feito com o dinheiro. “

Isso é mais difícil para as classes média e alta, porque as famílias mais pobres obrigatoriamente não terão condições de dar tudo o que os filhos pedem”, comparou.Para as crianças menores, brinquedos educativos que incentivem à realização de contas ou ainda jogos como o banco imobiliário ajudam a ter noção de que o exagero pode atrapalhar as finanças. Leite lembrou ainda que a partir dos oitos anos é recomendável que os pais deêm a “mesada” aos filhos, mas sempre com muita atenção nos valores.Este método é interessante quando a criança quer comprar, por exemplo, um brinquedo de R$ 40. Se a “mesada” for de R$ 20, ela aprenderá que precisa guardar dinheiro pelo menos dois meses para conseguir o produto desejado. “

Este processo é muito importante para que o filho saiba como os bens materiais são adquiridos com sacríficio”, afirmou.Outra vantagem é que a criança aprende a negociar com o pagamento à vista. Ao contrário dos pais, ela não tem acesso ao cheque ou cartão de crédito, o que também facilita a compreensão da importância de gastar somente o que ela pode e não contrair dívidas. “Caso a criança exceda e a ‘mesada’ não seja suficiente, os pais não devem dar outro valor antes da data”, reforçou. A mesma orientação vale para os avós. Esses conceitos, segundo o economista, preparam as crianças para a adolescência, quando os gastos aumentam e a necessidade de consumir parece ainda maior. “

A criança precisa ser preparada na infância e na adolescência para que, quando começar a se tornar independente da família, saiba controlar seu próprio orçamento. E isso, infelizmente, é cada vez mais comum”, completou. (ESS)Orçamento doméstico é o melhor exemploAlém de educar os filhos impondo limites e adotando estratégias simples para transmitir o conceito de educação financeira, o bom exemplo continua sendo uma das alternativas mais eficazes.O especilista lembra que a criança que vive em um ambiente onde não existe controle orçamentário tende a ser um adulto descontrolado com suas finanças. Por isso, ele reforça a importância da família ter um planejamento mensal. Caneta e papel podem ser usados para elaboração de uma planilha mensal dividida em duas partes. Uma contendo todos os valores arrecadados pela família e outra com todas as despesas. “O valor do gasto nunca pode ser superior ao ganho no mês. O ideal é que ainda haja uma sobra”, orientou. (ESS)

>> José Serra diz que não abandonou a prefeitura de São Paulo.

O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, disse nesta terça-feira (8/8) em entrevista à rádio CBN que não abandonou a prefeitura de São Paulo para concorrer ao governo do Estado.Serra explicou que quando se candidatou à prefeitura da capital paulista não pensava em ser candidato ao governo do Estado, mas que o partido o escolheu e ele aceitou porque como governador poderia cuidar ainda melhor da capital."Existem coisas que se impõem na vida da gente. Além do mais, vou continuar em São Paulo", declarou. "

Não saí de lá e vou continuar a olhar por São Paulo como governador porque muitas coisas que precisam ser melhoradas no município são de responsabilidade do Estado, como, por exemplo, o transporte sobre trilhos."Eleições de 2010José Serra negou que, em vez de estar trabalhando em um plano para São Paulo, esteja lançando uma plataforma para uma eventual candidatura à Presidência em 2010, no caso de o presidente Lula ser reeleito este ano. "Tenho um programa de governo para o Estado como tive para a Prefeitura", disse.Segurança PúblicaSobre os problemas de segurança pública, José Serra disse que é importante uma integração das forças do Estado para combater o crime organizado. "

O Ministério Público não é inimigo do Estado, o inimigo é o crime." E disse que o governo federal deve ter um papel mais atuante porque é atribuição da polícia federal desmantelar as organizações criminosas.O entrevistador perguntou a Serra por que o PSDB, nos 12 anos em que esteve à frente do Estado de São Paulo, não conseguiu combater o crime. Serra se defendeu. "Mário Covas encontrou aqui até viaturas sem pneus e fez, sim, muito pela segurança pública do Estado."Segundo Serra, nunca se prendeu tanto como nos três governos do PSDB. "Os índices de criminalidade também caíram nesses 12 anos, mas aí surgiu um novo problema, que é a superpopulação carcerária", disse.

Se eleito governador, Serra disse que investirá na construção de presídios de segurança máxima, na maior capacitação dos serviços de inteligência da polícia e em uma nova organização dos presídios, separando os detentos de acordo com a natureza dos crimes cometidos.FebemJosé Serra disse que não pretende acabar com a Febem porque ganharia outro problema: o que fazer com os cerca de 6 mil menores que estão atualmente internados. "Temos que reorganizar também. Dos 6 mil menores que estão presos, apenas 15% são considerados perigosos. Temos que separá-los e descentralizar a Febem."

O problema que o governo enfrenta para construir unidades da Febem em municípios do interior, segundo o candidato, é que as prefeituras não aceitam. Serra disse que pretende contornar o problema oferecendo aos municípios benefícios em contrapartida.EducaçãoSerra reafirmou a sua proposta de investir na educação pública do Estado e na formação do aluno como um todo. "Não podemos jogar as crianças fora como se joga fora a água do banho."Disse que pretende colocar dois professores nas salas de aula em que houver necessidade e que vai reforçar o ensino principalmente de aritmética e ciências. "

Eu sou professor e é como professor que sei o que é preciso para melhorar a qualidade de ensino."Máfia dos sanguessugasO candidato mais uma vez se defendeu das insinuações de que teria envolvimento com a máfia dos sanguessugas. Serra explicou que as fotografias em que aparece ao lado de deputados que teriam sido beneficiados pelo esquema de compras superfaturadas de ambulâncias não provam nenhum envolvimento com a máfia. "Eu era ministro da Saúde, participava dessas solenidades e tirava milhares de fotografias", explicou. "E você pode notar que não parece nenhum mensaleiro ao meu lado."

>> Cursos tecnológicos.

Depois de travar uma queda-de-braço com as universidades particulares e confessionais, o Ministério da Educação (MEC) conseguiu reduzir a 96 denominações os mais de 3,5 mil cursos tecnológicos de nível superior existentes no País, enquadrando-os em oito áreas profissionais. Lançado esta semana, o novo catálogo de denominações tem por objetivo submeter esses cursos ao Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes), incluir os estudantes no Exame Nacional de Desempenho (Enade) e acabar com abusos cometidos por várias instituições particulares, que criaram cursos baratos e desvinculados da realidade do mercado de trabalho.Até o início deste ano, esses 3,5 mil cursos ofereciam mais de 220 mil vagas, cerca de 3,7% das matrículas de nível superior no País, e utilizavam cerca de 1,2 mil nomes, alimentando ilusões ou causando confusão entre os interessados.

Cursos nas mesmas áreas, com o mesmo currículo e a mesma formação tinham nomenclaturas distintas. Entre 1998 e 2004, o número de cursos cresceu 170%. Muitos deles designavam pseudo-especializações, atraindo milhares de estudantes que buscavam um diploma que lhes propiciasse oportunidade profissional. Mas os diplomas que obtinham não tinham credibilidade no mercado nem facilitavam a obtenção de empregos com a remuneração esperada.O novo catálogo contempla as áreas de formação tecnológica em Agropecuária e Recursos Pesqueiros, Comércio e Gestão, Artes, Comunicação e Design, Construção Civil e Transportes, Lazer, Desenvolvimento Social e Turismo, Indústria, Química e Mineração, Informática e Telecomunicação e Meio Ambiente e Tecnologia de Saúde. Os cursos existentes que não se encaixarem nessas áreas e nomes definidos pelo MEC terão de mudar o currículo ou ficarão como cursos experimentais, até obterem "densidade tecnológica", ou seja, serem aperfeiçoados até justificarem a criação de uma nova denominação.Definir oito áreas de concentração e reduzir os nomes dos cursos foi a estratégia que o MEC adotou para moralizar o setor".

O catálogo não vai engessar as inovações na área de tecnologia. O que vamos fazer é criar condições de aperfeiçoamento", diz o ministro Fernando Haddad. Segundo ele, a falta de avaliação fez com que os interessados não soubessem discernir a qualidade desses cursos. Esse foi um dos motivos pelos quais vários cursos não tiveram a demanda esperada pelas universidades. Há dias, por falta de alunos, a PUC/SP cancelou sete dos dez cursos tecnológicos que criou no primeiro semestre. "Há muitas reclamações de estudantes que não conseguem sensibilizar o mercado de trabalho sobre a qualidade da formação que recebem nesses cursos", constata o ministro.Como era de esperar, várias instituições reclamaram do novo catálogo de denominações, classificando-o como "camisa-de-força".

Elas alegam que a iniciativa do MEC restringe a autonomia universitária, impedindo-as de acompanhar o desenvolvimento científico-tecnológico. "O mercado é muito rápido, temos de ser ágeis", afirma o reitor da Universidade de Guarulhos e vice-presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, Valmor Bolan. "Podemos até inventar outras nomenclaturas, mas depois, para reconhecer o curso, vamos ter dificuldades. Isso inibe a criatividade das instituições", diz ele. Respondendo a essas críticas, o ministro da Educação lembra que as universidades particulares e confessionais puderam apresentar sugestões para o catálogo no primeiro semestre e que o MEC aceitou 12% das propostas encaminhadas.

Além disso, segundo Haddad, a moralização dos cursos tecnológicos só prejudicou as instituições que se preocupam exclusivamente com o lucro, sem compromisso com a qualidade do ensino.Não é difícil ver quem está com a razão nessa polêmica. Ao moralizar os cursos tecnológicos de nível superior, submetendo-os a esquemas de avaliação e acabando com a farra das instituições caça-níqueis, finalmente o MEC, que há três anos e meio vem agindo de modo errático, com iniciativas demagógicas ou irrealistas, desta vez acertou na mosca.