15.8.06

>> Faculdade paulista vai fechar as portas por falta de recursos.

Aberta em 2000, a faculdade paulista Tancredo Neves vai fechar as portas sem nunca ter dado lucro. No final de julho, os alunos foram dispensados porque não havia turmas suficientes para manter a faculdade funcionando. Apenas os estudantes dos últimos anos puderam continuar estudando. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.
Segundo o mantenedor da faculdade, Arnold Fioravante, a instituição precisaria de verbas para demitir os professores e funcionários, então decidiu continuar recebendo algumas mensalidades. Ele conta que, desde o primeiro ano, precisava colocar cerca de R$ 300 mil na instituição, todo mês, para cobrir déficits. "

Tínhamos um projeto de cursos espetacular, eu tinha esperança que daria certo", lamenta. Para ele, o problema foi que os alunos "não conseguiram acompanhar o nível de exigência" e foram abandonando a faculdade. Fioravante diz que o vestibular não selecionava, como é comum nas faculdades particulares. Quem recebia a bolsa do ProUni, programa do Ministério da Educação que dá o benefício a alunos carentes em troca de isenção fiscal, não precisava passar pelo vestibular.


Neste ano, havia pouco mais de 100 alunos numa estrutura cara, com computadores individuais, carteiras estofadas e professores doutores. "Cobrávamos R$ 700 de mensalidade, quando deveríamos cobrar R$ 2 mil." A Tancredo chegou a ter 400 alunos e recentemente convivia com classes de apenas cinco. Os alunos, apesar de elogiarem o nível de ensino, reclamaram da maneira como foram avisados e culpam a administração pelo fim da instituição.
"Fomos jogados na rua, sem qualquer ajuda", diz Henrique Santana Menezes, de 21 anos, que estava no primeiro ano de Administração de Empresas.

Desde então, ele já procurou três faculdades para transferência e nenhuma delas o aceitou porque, além das aulas já terem começado, é bolsista do ProUni. Henrique agora espera a resposta da Universidade Anhembi Morumbi, a única que se dispôs a receber os alunos bolsistas da instituição. Segundo Fioravante, a insttuição ajudou os alunos a encontrar uma nova faculdade. Os estudantes ouvidos pelo Estado dizem o contrário. A Anhembi informou que foram os estudantes que se mobilizaram para pedir vagas em nome do grupo.

>> Semana da Educação debate a “diversidade” nas escolas.

Começa nesta terça-feira, 15 e termina na sexta, 20, a 5a. Semana da Educação de Guarulhos. O encontro é anual e realizado pela Prefeitura. Neste ano, o tema abordado será “Culturas da Cidade, Diversidade na Escola”.Na programação principal não há previsão de debate sobre os resultados da “Prova Brasil” do Ministério da Educação, que considerou as 46 escolas do Município (com uma única exceção) com desempenho abaixo das médias, já baixas, de todo o país e do Estado, e bem abaixo do mínimo de 200 pontos exigido pelo Ministério.

A abertura acontecerá às 19h30, no Centro Municipal de Educação Adamastor. Estão previstas para os seis dias 150 atividades, espalhadas por escolas municipais, praças públicas, agências bancárias, supermercados e bibliotecas da cidade. A Conferência de Abertura será proferida pelo professor Celso dos Santos Vasconcellos, da USP, cujo tema abordado será “Cidade, Diversão e Humanização: o Educador como Sujeito da Transformação”. O Centro Municipal de Educação Adamastor fica na avenida Monteiro Lobato, 734. Podem participar gratuitamente estudantes, educadores e interessados no tema.

>> Educação reprovada.

Os maus resultados obtidos pelas crianças da rede municipal de ensino em Guarulhos, abaixo até dos apurados pelos alunos da rede estadual, chegam a causar surpresa, porque é notório que o desempenho das escolas estaduais é muito inferior ao desejável. Quando a Prefeitura resolveu assumir classes do Ensino Fundamental, cogitava-se que estivesse aparelhada para tal, mesmo porque obteve recursos do governo federal para custear as despesas.

Foram construídas muitas escolas e reformadas outras, que eram responsáveis, até então, apenas pela Educação Infantil. Muitos foram os argumentos de membros da Apeoesp de que era equivocada a decisão da gestão Pietá, mas a vice-prefeita e então secretária de Educação, Eneide Moreira de Lima, contra-argumentou, afirmando que sua pasta estava plenamente capacitada para assumir tal tarefa. A “Prova Brasil” envolveu mais de três milhões de alunos do ensino fundamental, em quase todos os municípios brasileiros.

A comparação com as escolas estaduais, porém, não é de todo válida, porque o governo do Estado não aderiu à “Prova Brasil” do Ministério da Educação, ficando facultativo a cada escola participar ou não. Os resultados são, portanto, uma amostragem da qualidade do nível de ensino na rede estadual. No entanto, os resultados absolutos da rede municipal, divulgados na quinta-feira da semana passada pelo Olho Vivo, falam por si, e algumas das razões são tão visíveis quanto eram previsíveis os resultados. A gestão petista tem considerado como investimento em Educação valores gastos com aquisição de imóveis, uniformes e até com a realização de shows.

Na desapropriação da área do Adamastor, foram investidos R$ 3,5 milhões, sem contar as obras. Na aquisição do prédio hoje ocupado pela Secretaria de Educação, foram mais R$ 4,5 milhões. Qual é a efetiva contribuição desses imóveis para a qualidade de ensino oferecida às crianças? Será correto considerar que esses valores são despesas com a Educação?O que dizer, então, dos gastos com uniformes? E, muito mais grave, com os shows promovidos nas inaugurações das escolas, cuja despesa é debitada à Educação?