Os maus resultados obtidos pelas crianças da rede municipal de ensino em Guarulhos, abaixo até dos apurados pelos alunos da rede estadual, chegam a causar surpresa, porque é notório que o desempenho das escolas estaduais é muito inferior ao desejável. Quando a Prefeitura resolveu assumir classes do Ensino Fundamental, cogitava-se que estivesse aparelhada para tal, mesmo porque obteve recursos do governo federal para custear as despesas.
Foram construídas muitas escolas e reformadas outras, que eram responsáveis, até então, apenas pela Educação Infantil. Muitos foram os argumentos de membros da Apeoesp de que era equivocada a decisão da gestão Pietá, mas a vice-prefeita e então secretária de Educação, Eneide Moreira de Lima, contra-argumentou, afirmando que sua pasta estava plenamente capacitada para assumir tal tarefa. A “Prova Brasil” envolveu mais de três milhões de alunos do ensino fundamental, em quase todos os municípios brasileiros.
A comparação com as escolas estaduais, porém, não é de todo válida, porque o governo do Estado não aderiu à “Prova Brasil” do Ministério da Educação, ficando facultativo a cada escola participar ou não. Os resultados são, portanto, uma amostragem da qualidade do nível de ensino na rede estadual. No entanto, os resultados absolutos da rede municipal, divulgados na quinta-feira da semana passada pelo Olho Vivo, falam por si, e algumas das razões são tão visíveis quanto eram previsíveis os resultados. A gestão petista tem considerado como investimento em Educação valores gastos com aquisição de imóveis, uniformes e até com a realização de shows.
Na desapropriação da área do Adamastor, foram investidos R$ 3,5 milhões, sem contar as obras. Na aquisição do prédio hoje ocupado pela Secretaria de Educação, foram mais R$ 4,5 milhões. Qual é a efetiva contribuição desses imóveis para a qualidade de ensino oferecida às crianças? Será correto considerar que esses valores são despesas com a Educação?O que dizer, então, dos gastos com uniformes? E, muito mais grave, com os shows promovidos nas inaugurações das escolas, cuja despesa é debitada à Educação?
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