1.8.06

>> Estudantes "sem-teto" acampam em universidade.

Expulsos da Casa do Estudante de Niterói, 15 estudantes estão morando no campus do Gragoatá da Universidade Federal Fluminense (UFF) desde maio. As informações são do jornal O Globo.
No início do ano, a casa mantida pelo Estado lançou novo edital para selecionar moradores. Em protesto, o grupo não participou da seleção e foi expulso. Sem ter para onde ir, eles decidiram acampar num gramado da UFF.

O aluno Josemar da Fonseca diz que o acampamento é uma forma de pressionar a universidade para construir um alojamento. Segundo Josemar, que é aluno de pedagogia e morador de São João do Meriti, um terço dos alunos da UFF vem de outras cidades.
Os coordenadores do acampamento afirmam que o grupo expulso não concordou com as novas regras, como proibição de visitas, inclusive da família, e de práticas políticas e religiosas.

A UFF permite que os alunos usem os banheiros de um dos prédios até as 23h. Com a permissão da universidade, o grupo puxou um ponto de luz para o acampamento, que é feito de barracas de lona e plástico.
A universidade diz manter uma relação amigável com os acampados. Segundo o Conselho Universitário, foram oferecidas alternativas, como a instalação temporária do grupo em um prédio da UFF.

>> Educação não é causa nem solução para segurança, diz MEC.

A falta de acesso à educação não pode ser encarada como a principal causa do aumento da violência no país e nem como a solução única para a crise de segurança. A avaliação foi feita pelo diretor do Departamento de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (MEC), Timothy Ireland, ao comentar a relação entre a oferta de ensino à população carcerária e a criminalidade. O tema é discutido em Brasília no Seminário Nacional pela Educação nas prisões.

"É uma complexidade, não se pode dizer que investindo em educação nos presídios necessariamente vai diminuir o grau de violência nas ruas. Acho que há um conjunto de fatores e de variáveis que tem que ser levado em consideração. Mas diria que a educação pode contribuir para as pessoas se desenvolverem e buscar alternativas para a sua reinserção na sociedade", afirmou Ireland.

Na avaliação do diretor, é preciso considerar outras causas da violência no Brasil, como desigualdades sociais e distribuição de renda. "A falta de acesso à escola pode contribuir, mas não pode ser culpada por todos os problemas da sociedade", reforçou. O MEC mantém, em parceria com o Ministério da Justiça e com governos estaduais, o projeto Educando para a Liberdade, em seis estados.
De acordo com o diretor, a partir de agosto, penitenciárias e presídios de outros seis estados devem fazer parte do projeto, implementando ações voltadas à formação de educadores e à revisão de aspectos pedagógicos para a educação no sistema prisional.

Outro objetivo é promover a articulação entre as secretarias estaduais de educação e as secretarias responsáveis pela administração penitenciária. O diretor chamou a atenção para o papel da educação na ressocialização dos presos.
"Acredito que a educação tem a função de ajudar a pessoa a ter outra visão de mundo, ver que é possível buscar outras formas de inserção na sociedade, de uma forma mais positiva". Ele também salientou que "as pessoas que não têm acesso à educação necessariamente têm muito mais dificuldade no acesso ao mercado de trabalho."

>> Professor da UnB é acusado de racismo por alunos.

Um grupo de alunos da Universidade de Brasília (UnB) denunciou um professor da instituição por racismo. Segundo os estudantes, o professor Paulo Kramer, do Instituto de Ciência Política, pronunciou a expressão "crioulada" durante uma aula de teoria e política moderna do programa de pós-graduação em ciência política.

A palavra teria sido usada quando Kramer explicava as políticas assistencialistas implantadas para os negros nos Estados Unidos durante a década de 1960.
A expressão provocou discussão entre o professor e alguns alunos que, mais tarde, decidiram relatar o caso em uma carta ao reitor da universidade. Kramer se defendeu dizendo que fez o uso da palavra para chamar a turma à reflexão.
Ontem, uma fita com a gravação da última aula que o professor deu ao grupo de alunos que o denunciou começou a circular na Internet. No áudio, Kramer afirma que continuaria a usar a expressão "crioulada" e chama um estudante de racista negro e Ku-Klux-Klan às avessas.

O professor argumenta que tem liberdade de expressão e que os estudantes estão agindo de acordo com normas politicamente corretas.
Para o também professor Luis Felipe Miguel, 39 anos, será difícil ele permanecer na instituição caso seja comprovado que houve racismo por parte de Kramer.
A reitoria da universidade ainda não decidiu se vai instalar inquérito administrativo para apurar denúncias.