Uma estimativa do Ministério da Educação baseada no censo escolar de 2002 aponta que faltam cerca de 710 mil professores no País. De acordo com as projeções, há um déficit de 235 mil professores de ensino médio e 475 mil professores no ensino fundamental de quinta a oitava série. Entre as disciplinas, a demanda é maior por licenciados em matemática, física, química e biologia.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, salas de aula cheias, conflitos, salários baixos afastam novos profissionais. Ainda assim, a procura por cursos universitários que formam profissionais da educação é grande. Nos últimos dez anos, o curso de pedagogia foi um dos que tiveram maior crescimento de procura na Fuvest. O número saltou de 1.027 inscritos para 3.310, sendo que as vagas passaram de 120 para 180. O aumento da procura se deve à LDB (Lei de Diretrizes e Bases), de 1996, que estabelece a necessidade de nível superior para dar aulas na educação infantil e ensino fundamental de primeira a quarta séries.
Entidades de classe afirmam que é difícil motivar o jovem para seguir a profissão, já que historicamente ela vem sendo desvalorizada. Roberto Leão, secretário-geral da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), diz que quem quer prestar vestibular para se tornar um educador é muito bem-vindo. "O país precisa de pessoas que aceitem o desafio para que a profissão recupere o prestígio de outras épocas."
Mediador de conflitosPara a professora de português Eva Volite Coelho, 36 anos, os profissionais de ensino acabam se tornando mediadores apenas de conflitos. "O que pesa é que não há interesse. e o número de alunos por sala é muito grande, são mais de 40", lamenta. "Quando comecei, fiquei decepcionada. Eu achava que só iria ensinar, mas tinha muitos conflitos para resolver."
Mesmo com as dificuldades, ela não pensa em deixar a profissão em que atua há nove anos. "A convivência também tem um lado positivo. É muito interessante quando a gente vê um estudante entusiasmado", conta.