12.9.06

>> Faltam 710 mil professores no País.

Uma estimativa do Ministério da Educação baseada no censo escolar de 2002 aponta que faltam cerca de 710 mil professores no País. De acordo com as projeções, há um déficit de 235 mil professores de ensino médio e 475 mil professores no ensino fundamental de quinta a oitava série. Entre as disciplinas, a demanda é maior por licenciados em matemática, física, química e biologia.


De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, salas de aula cheias, conflitos, salários baixos afastam novos profissionais. Ainda assim, a procura por cursos universitários que formam profissionais da educação é grande. Nos últimos dez anos, o curso de pedagogia foi um dos que tiveram maior crescimento de procura na Fuvest. O número saltou de 1.027 inscritos para 3.310, sendo que as vagas passaram de 120 para 180. O aumento da procura se deve à LDB (Lei de Diretrizes e Bases), de 1996, que estabelece a necessidade de nível superior para dar aulas na educação infantil e ensino fundamental de primeira a quarta séries.


Entidades de classe afirmam que é difícil motivar o jovem para seguir a profissão, já que historicamente ela vem sendo desvalorizada. Roberto Leão, secretário-geral da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), diz que quem quer prestar vestibular para se tornar um educador é muito bem-vindo. "O país precisa de pessoas que aceitem o desafio para que a profissão recupere o prestígio de outras épocas."


Mediador de conflitosPara a professora de português Eva Volite Coelho, 36 anos, os profissionais de ensino acabam se tornando mediadores apenas de conflitos. "O que pesa é que não há interesse. e o número de alunos por sala é muito grande, são mais de 40", lamenta. "Quando comecei, fiquei decepcionada. Eu achava que só iria ensinar, mas tinha muitos conflitos para resolver."


Mesmo com as dificuldades, ela não pensa em deixar a profissão em que atua há nove anos. "A convivência também tem um lado positivo. É muito interessante quando a gente vê um estudante entusiasmado", conta.

>> Rede privada de ensino paga até seis vezes mais.

Mesmo representando apenas 20,8% dos estabelecimentos de ensino do País e responsáveis por apenas 13,1% de todas as matrículas, as escolas particulares podem ser o caminho mais satisfatório para os professores. De acordo com Maurício Pietrocola, professora da Faculdade de Educação da USP em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, a rede privada chega a pagar seis vezes mais comparado à rede pública de ensino.


O piso salarial até a quarta série em São Paulo é de R$ 668,09 (para uma jornada de 24 horas semanais). Da quinta série até o ensino médio, fica em R$ 773,41. Na rede particular, o piso salarial é um pouco maior e calculado sobre a hora/aula. Mas as escolas "top" costumam pagar até bem mais que o piso. Mas o presidente do Sinpro (Sindicato dos Professores de São Paulo), que representa os docentes das escolas particulares, Luiz Antonio Barbagli, chama a atenção para um aspecto negativo da rede privada. "A carreira é estagnada. O professor só cresce economicamente quando muda de escola."


Há espaço para quem tem boa formação. A Lei de Diretrizes e Bases de 1996, que estabelece a necessidade de nível superior para dar aulas na educação infantil e ensino fundamental de primeira a quarta séries, aumentou a porcentagem dos professores licenciados. Em 1999, apenas 23,3% dos professores de primeira à quarta série tinham nível superior. Em 2005, a número subiu para 47,7%.

>> Professor da UnB é acusado de racismo por alunos.

Um grupo de alunos da Universidade de Brasília (UnB) denunciou um professor da instituição por racismo. Segundo os estudantes, o professor Paulo Kramer, do Instituto de Ciência Política, pronunciou a expressão "crioulada" durante uma aula de teoria e política moderna do programa de pós-graduação em ciência política.


A palavra teria sido usada quando Kramer explicava as políticas assistencialistas implantadas para os negros nos Estados Unidos durante a década de 1960.
A expressão provocou discussão entre o professor e alguns alunos que, mais tarde, decidiram relatar o caso em uma carta ao reitor da universidade. Kramer se defendeu dizendo que fez o uso da palavra para chamar a turma à reflexão.


Ontem, uma fita com a gravação da última aula que o professor deu ao grupo de alunos que o denunciou começou a circular na Internet. No áudio, Kramer afirma que continuaria a usar a expressão "crioulada" e chama um estudante de racista negro e Ku-Klux-Klan às avessas.
O professor argumenta que tem liberdade de expressão e que os estudantes estão agindo de acordo com normas politicamente corretas.


Para o também professor Luis Felipe Miguel, 39 anos, será difícil ele permanecer na instituição caso seja comprovado que houve racismo por parte de Kramer.
A reitoria da universidade ainda não decidiu se vai instalar inquérito administrativo para apurar denúncias.