20.9.06

>> Nível superior é raro em dirigentes brasileiros.

Uma pesquisa realizada pelo instituto Observatório Universitário revela que a maioria das pessoas que ocupam cargos de chefia nos mais de cinco mil municípios brasileiros não completou um curso universitário. Divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo a partir de dados do Censo 2000 do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o levantamento mostra que somente 32% dos dirigentes, legisladores, diretores ou gerentes do setor público e 27% de empresas privadas têm formação de nível superior.


Para demonstrar este cenário, o IBGE separou apenas aqueles trabalhadores que se encontram no grupo de membros superiores do poder público, de gerentes ou de dirigentes de organizações de interesse público ou de empresas privadas.


"A falta de profissionais qualificados e habilitados em níveis gerenciais ou nos cargos mais elevados, tanto no setor público quanto no privado, tem causado enorme prejuízo socioeconômico ao país", afirma o presidente do Conselho Federal de Administração, Rui Otávio de Andrade. Para ele, a força de trabalho brasileira não está preparada para atender às demandas de crescimento da economia.


Já para o vice-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior Particular, Antonio Carbonari Netto, acredita que o motivo da falta de profissionais qualificados em cargos de chefia é o fato de muitas empresas ainda serem familiares, com muitos pais passando a gestão para filhos sem preparo. Especialistas citam também que cursos universitários rígidos e restritivos também contribuem para uma baixa formação de profissionais graduados nas organizações brasileiras.


Municípios prejudicados

Para a Associação brasileira dos Municípios, o baixo nível dos cargos de gerência é reflexo do baixo nível educacional de toda a população. "O gestor público vem dessa sociedade em que a mão-de-obra qualificada é escassa", afirma diretor-executivo da entidade, José Carlos Rassier.
Para tentar modificar este cenário, a ABM organiza cursos de capacitação de gestores. Segundo a entidade, boa parte das irregularidades cometidas por municípios não eram fruto de má-fé, mas de má gestão. Um dos motivos da má gestão é, segundo Rassier, e complexidade da legislação brasileira.


Gestores públicos reconhecem as dificuldades. Sylvio Tejada Xavier, prefeito de Tapes, no interior do Rio Grande do Sul, conta que tem dificuldade de contratar profissionais de nível superior com os salários que a Lei de Responsabilidade Fiscal permite oferecer.
Ele também cita um problema comum em pequenas cidades brasileiras. "Diariamente, saem do meu município cerca de 250 pessoas para fazer cursos superiores em cidades vizinhas. Só que elas acabam se formando e buscando oportunidades de trabalho em centros maiores", diz ele.

Um comentário:

Anônimo disse...

È condenável e criticada pelos professores da rede municipal de ensino do RJ, a prática da aprovação automática imposta pela secretária de educação, o que vem precarizando ainda mais o ensino no Rio. Na verdade os alunos estão sendo promovidos para a etapa seguinte, via ciclos, sem se considerar o nível de aprendizagem do aluno. Essa prática tem produzido alunos semi-analfabetos chegando à 5.a série. Agora a secretaria já anunciou que a sua proposta pedagógica, que fracassou, será implementada também no segundo segmento. O que podemos fazer ?