A partir do ano que vem, os alunos de primeira e quarta séries das escolas da Prefeitura de São Paulo terão aulas de reforço de matemática. O secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, afirmou à Folha que estenderá o programa Ler e Escrever, no qual os estudantes das duas séries têm aulas extras de português, para a disciplina porque a rede não está indo bem com as contas.
Os resultados da Prova Brasil --avaliação do Ministério da Educação com todas as escolas de ensino fundamental municipais e estaduais do país com mais de 30 alunos-- mostraram que os alunos de quarta série da Prefeitura de São Paulo obtiveram 166,86 pontos em matemática, de um total de 350. A média brasileira ficou em 179,98.
Apesar de a pontuação ter sido maior do que a de português (160,42 pontos), o resultado deixou a cidade na 450ª colocação no ranking das mais de 600 prefeituras do Estado de São Paulo. Português ficou em 448º lugar.
"Começamos o Ler e Escrever com português porque o estudante precisa entender o enunciado de um problema para saber o que está sendo pedido", diz Schneider. "Mas vamos ampliar o projeto no ano que vem." Ainda não há nome para o novo programa.
O programa Ler e Escrever foi lançado oficialmente pelo ex-prefeito José Serra (PSDB) em fevereiro e funciona com professores recrutados entre alunos de faculdades de pedagogia e letras, que recebem R$ 400 por 20 horas semanais e comprovante de estágio.
De acordo com o secretário, ele já está presente em 85% das classes de primeira série. Reportagem da Folha de 24 de junho, no entanto, mostra que o programa só havia começado em 44% das classes.
Outro objetivo é ampliar o projeto para o segundo ciclo do ensino fundamental (de quinta a oitava séries) e envolver mais disciplinas.
Lógica
Para Maria Amábile Mansutti, que coordenou os Parâmetros Curriculares Nacionais de matemática, é preciso adotar novas metodologias no ensino da disciplina. "Os alunos têm de entender a lógica e não achar que matemática é apenas memorização", afirmou.
Renan Alves, 10, aluno da quarta série da rede municipal de São Paulo, até que vai bem na disciplina, mas diz não gostar de matemática. "A gente tem que ficar decorando muita coisa e é fácil de confundir. Prefiro artes e português."
Leônidas de Oliveira Brandão, do Laboratório de Ensino de Matemática da Universidade de São Paulo, diz que é preciso usar diferentes recursos, como o computador, e formar melhor os professores da disciplina. "Se olharmos os dados dos provões do Ministério da Educação que analisaram os cursos de licenciatura em matemática, nota-se que a formação está aquém da necessária."
21.7.06
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